quinta-feira, 23 de janeiro de 2014

Alta


Achei que o fato de não ter escolhido uma faculdade na área de saúde teria dado a dica de que não gosto de hospitais. Não deu.
Se eu gostasse dessa frieza, desse branco sem graça ou a falta de música, eu teria feito enfermagem. Ou medicina. Medicina não porque eu não passaria no vestibular e nem teria dinheiro para pagar.


- Senhor?

A enfermeira me olha.

- Não tenho dinheiro para pagar. Deus do céu! Sabe quantos pacotes da CVC eu poderia pagar com essa grana que o hospital está me cobrando? Dava para ir de cruzeiro pra Veneza, Grécia e Turquia; comer pratos exóticos e ainda voltar apaixonado e marcar que estou de relacionamento sério e que o amor é tudo nessa vida.

A atendente me olhou com cara de indiferença e eu já ia dar um show quando me lembrei que quem ia pagar era tia Judith e se não gastasse com isso, não seria com o meu cruzeiro também.

Até para sofrer a gente tem que pagar. Já pensou que o hospital é a balada da desgraça? Você fica um tempo, bebe um pouco da dor e fica à mercê dos médicos e enfermeiros, que são os garçons, daí Deus, que é uma espécie de bafômetro, decide quando você já bebeu demais e te manda pra casa. A dele ou a sua.

2 comentários:

Nara disse...

Escreva sempre!

:D

Michele Pupo disse...

rsrs

Cômico se não fosse trágico!